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Enem 2020: como alcançar a nota 1.000 na redação em 11 passos

As provas impressas do Enem 2020 serão realizadas nos dias 17 e 24 de janeiro

Valendo, sozinha, 1.000 pontos, a redação desempenha um importante papel na composição da nota final do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).  

Por isso mesmo, ela se transformou em um verdadeiro desafio aos candidatos que almejam ingressar em uma universidade pública ou ter acesso a financiamento e apoio estudantil.  

A cada edição, o Enem exige que o aluno aborde um tema específico na redação, atendendo ao tipo textual dissertativo-argumentativo, no qual se deve defender um ponto de vista com argumentos. Para isso, são apresentados os chamados textos motivadores, que trazem dados e informações referentes à proposta. 

Em 2019, por exemplo, o tema da redação foi “A democratização do acesso ao cinema no Brasil”, para a qual foram disponibilizados quatro textos motivadores.  

Mas quais seriam os passos a seguir para alcançar a pontuação máxima, a tão sonhada nota 1.000? Confira dicas de professores, com experiência na área, consultados pelo Educalab.

1) Conhecer os critérios de avaliação 

Antes de mais nada, é importante que o aluno esteja ciente que a redação do Enem – independente do tema em questão – exige cinco competências distintas, para as quais podem ser atribuídos até 200 pontos. Neste ano, devido às dificuldades impostas a alunos e professores pela pandemia da Covid-19, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibilizou, de forma inédita, as apostilas de capacitação dos corretores de redação. O material elaborado para a edição de 2019 era, até então, sigiloso e restrito aos corretores. Nele, estão detalhados todos os critérios levados em conta na correção das redações.  

2) Dominar a escrita formal  

Já ciente que há cinco competências exigidas, o candidato deve estar apto a atendê-las. A chamada Competência 1 diz respeito ao domínio da escrita formal da língua portuguesa. Por isso, é indispensável que o aluno saiba pontuar o texto, colocando vírgulas, hifens e crases, por exemplo, nos lugares corretos. Regência, concordância e emprego de pronomes são outros detalhes exigidos na prova. Nesta fase, o corretor ainda avalia a fluidez da leitura, a partir da construção sintática. 

3) Frequentar laboratório de redação  

Para exercitar a escrita e tirar dúvidas não sanadas durante as aulas, é importante que o candidato frequente um laboratório de redação. “Essa [Competência 1] é a parte que ele [aluno] vê mais no laboratório de redação, com o professor corretor do lado. É o que a gente chama de microestrutura, é o microtexto. Então, o aluno que exercita, que tem o hábito de ir ao laboratório para produzir uma, duas redações por semana, tem mais segurança na competência um porque o professor trabalha isso menos em sala”, avalia o professor de redação, João Filho. Essa é a oportunidade que o aluno tem para “utilizar os temas anteriores do Enem para praticar, além de buscar alguns possíveis temas de atualidade”, indica o professor de redação, Bruno Carvalho. 

4) Reler redações corrigidas  

Além de frequentar o laboratório de redação para treinar a escrita, o aluno não pode esquecer de reler os textos redigidos por ele e que já foram corrigidos pelo professor. Assim, a chance de reincidir nos mesmos erros é menor. 

5) Compreender a proposta da redação  

Na Competência 2, o Inep estabelece que o aluno deve “compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo”. “O correto é o candidato buscar fazer a leitura adequada do tema e dos textos motivadores, que darão um direcionamento, vão ajudá-lo. Feita essa leitura, é pensar: ‘por que estão me cobrando esse tema? Qual a relevância dele para a sociedade brasileira? Qual o meu ponto de vista?’. Quando você começa a pensar, o texto vai sendo automaticamente realizado na sua cabeça”, sugere o consultor de língua portuguesa e redação oficial, professor Marcelo Braga. “Não adianta encher o texto de informações, elas possuem uma dependência, uma depende da outra”, complementa. Quando o aluno não entende a proposta da redação, aumentam as chances de ele fugir do tema. No entanto, a fuga do tema ou a construção de textos com até sete linhas são critérios para zerar a redação. 

6) Atender ao tipo textual dissertativo-argumentativo 

O candidato do Enem deve saber desenvolver o tema da redação no estilo dissertativo-argumentativo, apresentando fato, opinião e argumento. No primeiro parágrafo, o estudante seleciona um fato da proposta e emite um parecer, um juízo sobre o mesmo. Em seguida, ele deve apresentar a defesa de tal tese. “O que importa não é opinião sobre o fato, mas quais argumentos ele [estudante] vai dar pra defender a sua opinião”, endossa João Filho.   

7) Selecionar e organizar as informações

A Competência 3 diz respeito ao aluno saber “selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”. Isso inclui evitar contradições ou informações, fatos e opiniões sem desenvolvimento ou com desenvolvimento de apenas uma informação, fato ou opinião. “Se eu estou defendendo um ponto de vista, posso ter a certeza que o leitor pode não se convencer do que estou dizendo. Então, nesse momento, há necessidade de apresentar argumentações, que podem ser uma exemplificação, dados estatísticos, analogias, pode ter uma relação lógica de causa e efeito, ou uma citação de um estudioso da área”, aponta o professor Marcelo Braga. Um texto sem seleção, hierarquização de ideias, organização e interpretação, dificulta o entendimento do texto. Consequentemente, o autor da tese não consegue cumprir com a proposta do texto dissertativo-argumentativo, que é guiar o leitor até o seu ponto de vista e convencê-lo de que seu ponto de vista sobre aquele tema é o melhor. 

8) Ter repertório sociocultural 

Para interpretar corretamente as informações e se destacar na construção de uma argumentação, o candidato deve ter um bom repertório sociocultural. Assim, poderá cruzar conhecimentos de outras áreas e se deslocar, o máximo possível, dos textos motivadores. Ou mesmo dos textos contidos em questões da prova de Linguagem, por exemplo. Portanto, segundo João Filho, quanto mais autoral o texto da redação se revelar para o corretor, melhor. “Quando sei que o aluno não tem muito repertório? Quando o texto dele está praticamente parafraseando os textos motivadores ou até, descaradamente, copiando. Ele tem que usar o repertório dele. Como vejo isso? Quando ele cita um filósofo, um argumento de autoridade, quando fala de um livro, cita um filme, uma série da Netflix ou até um livro da cultura pop. Ou seja, é um conhecimento sabidamente dele”. 

9) Atualizar e enriquecer o repertório   

Para aplicar o repertório sociocultural com propriedade, o candidato do Enem deve ampliá-lo tanto quanto possível. Até o dia da prova, é importante ficar atento ao noticiário para ter a capacidade de contextualizar temas, de forma atualizada, seja em âmbito local ou global. “Não posso falar de meio ambiente, citando apenas as queimadas no Pantanal. Alunos que têm a capacidade de pensar de maneira mais ampla, costumam se dar bem nessa competência porque demonstram mais repertório”, corrobora João Filho.   

10) Construir a argumentação com coesão

Como o estudante tem um espaço relativamente curto (30 linhas) para dissertar sobre um tema de relevo social, ele deve ter a capacidade de demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. É o que determina a Competência 4. Sendo assim, se torna essencial o uso de elementos linguísticos de coesão, que vão encadear ideias e fazer o texto avançar na formulação de argumentos. “A Competência 4 são os mecanismos linguísticos de coesão textual, ou seja, é a macroestrutura gramatical, as conexões oracionais. É começar o primeiro parágrafo do desenvolvimento, dizendo: inicialmente vírgula. Lá no segundo, posteriormente vírgula. Em seguida, de um lado tem isso, de outro tem isso”, ilustra o professor João Filho. Como forma de evitar a construção de períodos longos, e consequentemente, fazer uso exagerado do “que” e do gerúndio, soma Bruno Carvalho, é importante focar na “construção de parágrafos com períodos e frases curtas. Assim, o candidato terá a oportunidade de incluir um conectivo entre eles”.

11) Elaborar proposta de intervenção com respeito aos direitos humanos

Diferente das provas de produção de texto dissertativo-argumentativo de outros exames, o Enem exige na Competência 5 a elaboração de uma proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos, em consonância com o que prevê a Constituição Federal de 1988. Ou seja, o candidato deve apresentar uma solução para enfrentar minimamente o problema, a partir da qual ele demonstre algum preparo para exercer a cidadania. “A Competência cinco versa única e exclusivamente sobre o último parágrafo. É a capacidade, a habilidade que o aluno tem que demonstrar para interferir num problema que ele sabe que está ali e que ele sabe discutir. Ele tem que propor e nessa proposta tem que dizer quem é o agente da proposta, qual é a proposta, como ela vai ser viabilizada e com que finalidade”, afirma João Filho. De acordo com ele, o estudante deve lançar pelo menos duas propostas exequíveis, possíveis de ser realizadas. “Aqui, você tem que dar a ideia de que está terminando. Começar o parágrafo sempre com portanto, diante disso, pelo que foi discutido, cabe a fulano fazer isso, pra que se chegue a isso. Esses são os 200 pontos mais fáceis dos mil”. 

Fontes: Bruno Carvalho, professor de redação | João Filho, professor de redação | Marcelo Braga, consultor de língua portuguesa e redação oficial, presidente da Academia Cearense da Língua Portuguesa | Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

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