Devido à precariedade na rede de abatedouros no Ceará, os abates clandestinos acontecem, todos os dias, em 100% dos municípios cearenses. A fiscalização tem flagrado, nesses locais, animais abatidos sem as mínimas condições de higiene, sem recomendação veterinária e a inocuidade dos produtos de origem animal, com a presença de cães e gatos, além de outros procedimentos fora dos padrões recomendados por Lei. A Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri), órgão ligado à Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) está preocupada com a situação e admite que o diagnóstico é bastante parecido nas cinco regiões do Estado.
De acordo com o diretor de Sanidade Animal do Ceará, Amorim Sobreira Neto, falta estruturação, conhecimentos técnicos e higienização, para que os serviços cheguem até a população dentro das normas sanitárias. Neste sentido, em parceria com o Conselho Regional de Medicina Veterinária, estão acontecendo seminários em todo o interior, sob a recomendação do Ministério Público, com a finalidade de orientar os secretários municipais de agricultura e aos prefeitos, para a adoção, o mais rápido possível, do Sistema de Inspeção Municipal (SIM). Dentro deste programa, cada município terá o seu próprio inspetor e veterinário, já que o número de animais abatidos, por semana, em cada município, gira em torno de quatro a seis cabeças.
Amorim esteve no Cariri advertindo aos abatedores sobre os procedimentos corretos e explicou que um abate mal feito poderá levar mais de 200 doenças para o consumidor. “Como um abatedouro, hoje, não se constrói por menos de R$ 1 milhão, o Governo do Estado trabalha com a idéia de seguir a sugestão do Ministério da Pecuária e Abastecimento, de se construir abatedouros regionais de forma consorciada, o que facilitaria a fiscalização e a manutenção.
Garantiu que o governo está disposto a implantar o projeto no Estado, dependendo dos prefeitos para escolha dos locais ideais para a construção do equipamento. Para o diretor de sanidade animal do Ceará, a normalização da rede de abatedouros do Estado é primordial, pois o Estado acaba de conquistar o status de Zona Livre da Febre Aftosa com Vacinação, e luta pela certificação da Zona Livre Sem Vacinação, igualando-se a Santa Catarina, o único estado brasileiro a conquistar tal posição.
Peste suína
Dentro da mesma proposta de normalização dos abates e da luta para livrar os rebanhos cearenses da febre aftosa sem vacinação, está, também, a luta para descobrir se ainda existe a chamada “peste suína” no Estado. “Vai ser feito um estudo, através da coleta de sangue nos suínos, a partir de um cadastro desses animais”, disse Amorim Sobreira. Para tanto, ele está chamando os suinocultores e criadores de porcos do Cariri para se cadastrarem, gratuitamente, na unidade da Adagri, localizada em Crato, no bairro São Miguel. O objetivo é comprovar a inexistência da doença e, assim, o Estado ser declarado livre pelos organismos internacionais.
Jornal do Cariri