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BARBALHA: Pau da Bandeira poderá ter registro de patrimônio histórico imemorial

A tradição, a representatividade cultural e religiosa do centenário carregamento do pau da bandeira, em Barbalha, transformou o evento...

Uma multidão participa das festividades ligadas a cultos católicos (Foto: RAFAEL CAVALCANTE/O POVO, em 2011)
Uma multidão participa das festividades ligadas a cultos católicos (Foto: RAFAEL CAVALCANTE/O POVO, em 2011)

A tradição, a representatividade cultural e religiosa do centenário carregamento do pau da bandeira, em Barbalha, transformou o evento durante a festa de Santo Antônio, num dos grandes acontecimentos festivos do Estado do Ceará, atraindo cerca de 350 mil pessoas a cada ano e quase sempre superando as expectativas de público e de envolvimento da Região.

Trata-se de um ritual que segue a cada ano, para festejar o santo padroeiro da cidade, Santo Antônio. Até novembro, Barbalha poderá ter o registro da festa do pau da bandeira como patrimônio histórico imaterial. O processo, com mais de 3 mil registros, está sendo analisado, após um extenso trabalho dos integrantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e a contribuição de pesquisadores locais.

Este ano, durante a festa no mês de junho, foi inaugurada uma exposição permanente sobre o pau da bandeira e a festa de Santo Antônio, no casarão histórico da cidade, onde está a sede da secretaria de Cultura, com a presença de integrantes da superintendência do Iphan, no Estado. Barbalha este ano, recebeu o título, por meio de projeto de lei estadual, de Capital dos Festejos à Santo Antônio. Esse título obtido foi a temática da festa realizada neste ano.

O levantamento dos dados vem sendo sistematizado e finalizado pelos técnicos do Iphan, por meio da superintendência estadual no Ceará, o inventário sobre a festa será concluído no próximo mês de agosto e encaminhado para avaliação do Conselho Consultivo do órgão, em Brasília. A votação pelos conselheiros deverá acontecer em novembro, em Brasília.

Ritual

O ritual do pau da bandeira e cortejo no dia da abertura da Festa de Santo Antônio de Barbalha se tornou uma das principais atrações da festa. Milhares de pessoas, todos os anos, vão à cidade participar de um evento que se tornou referência na cultura popular brasileira.

O relatório que será encaminhado ao conselho, tem um vasto material, incluindo desde registros históricos, como imagens, reportagens, e outros elementos que possam comprovar a importância dessa tradição. A reunião da cultura popular com uma tradição secular, voltada à religiosidade, fortalece a riqueza do patrimônio que a cidade de constitui atualmente.

Segundo o superintendente do Iphan, no Ceará, Ramiro Teles, esse é um registro histórico de grande importância, além de ser uma ação de salvaguarda desse patrimônio, que um dia pode até acabar. Mas, diz ele, passa a ser registrado como algo que realmente ocorreu, se um dia tiver que acabar, mostra que teve importância dentro do contexto cultural, social e fez parte de uma história, que será perpetuada pelo forte apelo existente no contexto cultural e religioso de Barbalha.

A exposição museográfica no casarão mostra o trabalho realizado na cidade desde 2003, no intuito de coletar dados importantes para compor as pesquisas e dar embasamento ao relatório. A mostra faz parte de uma parceria entre a Prefeitura de Barbalha e o Iphan, autarquia do Ministério da Cultura responsável pela preservação do patrimônio cultural brasileiro.

Foi produzida a partir dos resultados do Inventário Nacional de Referências Culturais da Festa de Santo Antônio de Barbalha, pesquisa que compõe a instrução de Registro da Festa como Patrimônio Cultural Brasileiro. Desde 1928, Barbalha abre os festejos em torno de Santo Antônio de Pádua com a celebração do Carregamento do Pau da Bandeira. A celebração tem início ao alvorecer, após a missa na Igreja Matriz de em homenagem ao padroeiro da cidade, e é comandada pelo “Capitão do Pau”.

Conhecimento

A exposição retrata como as celebrações de Corte, Carregamento e Hasteamento do Pau da Bandeira foram se tornando centrais no calendário de Barbalha, ao mesmo tempo em que passaram a funcionar como elemento identificatório de seus moradores. Já o Livro “Sentidos de Devoção”, lançado recentemente, traz reflexões tecidas sobre a Festa de Santo Antônio áreas do conhecimento variadas, como História, Geografia, Antropologia, Pedagogia, Cinema e Turismo, evidenciando a natureza interdisciplinar da instrução dos processos de reconhecimento das práticas culturais como Patrimônio Cultural Brasileiro.

O Iphan ressalta que existem poucos trabalhos acadêmicos defendidos e publicados sobre a Festa e que, dessa forma, a publicação pretende provocar o preenchimento de uma lacuna editorial e também servir de leitura inicial, estimulando novas pesquisas sobre a celebração.

A publicação tem como organizadores Igor de Menezes Soares e Ítala Byanca Morais da Silva, historiadores que integram a Superintendência do Iphan no Ceará, e reúne artigos de diversos autores, abordando variadas facetas da festa e de suas múltiplas leituras.

A seleção de autores e imagens foi fruto das pesquisas desenvolvidas no âmbito do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) da celebração, que compõe o dossiê de registro da Festa como Patrimônio Cultural Brasileiro.

O acervo de registros da festa é composto por entrevistas, fotografias, matérias em periódicos, além do próprio INRC. O trabalho conta com a participação de vários organizadores e pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (Urca), Universidade de Fortaleza (Unifor), Universidade Vale do Acaraú (UVA), Universidade Estadual do Ceará (Uece), além da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal do Ceará (UFC).

Diário do Nordeste

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