
Pelo menos 1.173 espécies de animais vivem sob risco de extinção no país atualmente. Há outros dez animais que existiam no Brasil e que já desapareceram completamente do território nacional. Os dados são do Instituto de Conservação da Biodiversidade Chico Mendes (ICMBio). O órgão publicou em janeiro a mais recente edição do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção 2018. A versão anterior do relatório havia sido publicada há mais de dez anos, em 2008.
Não é possível comparar o número de espécies ameaçadas em 2018 com os registrados anteriormente porque a abrangência da pesquisa foi maior na edição recém-lançada. De 2008 para 2018, 716 espécies passaram a integrar a lista de ameaçados e 170 saíram. Em 2008 eram analisadas 1.400 espécies e, agora, são 12.254.
Desses mais de 12 mil animais, 9,7% foram classificados em algum nível de ameaça. De acordo com o ICMBio, das 1.173 espécies ameaçadas no país, 724 estão nas duas categorias mais críticas, com risco alto ou extremamente alto de extinção.
A Mata Atlântica é o bioma que acolhe maior número de espécies ameaçadas, tanto em números absolutos quanto em proporcionais à riqueza dos ecossistemas. São 1.026 animais ameaçados que vivem ali, sendo que 428 deles são endêmicos, ou seja, só existem em regiões de Mata Atlântica.
Já a Caatinga, bioma onde vivemos, abriga ao todo 182 animais ameaçados. Desses, 46 existem apenas nesse bioma. Um deles é a arara-azul-de-lear, que é alvo de ações de preservação no Raso da Catarina e está sendo reinserida na natureza no Boqueirão da Onça, na Bahia.
A arara-azul-de-lear se tornou símbolo da biodiversidade do sertão junto com felinos como a onça-parda e a onça-pintada. As onças quase desapareceram do semiárido nos últimos anos, principalmente por causa da expansão de atividades agropecuárias que, segundo pesquisadores, já devastaram mais de 50% da vegetação nativa.
Esses mascotes fazem companhia na lista a outros representantes menos conhecidos do bioma. É o caso, por exemplo, dos periquitos-cara-suja. Encontrados na região da Serra do Baturité, aqui no Ceará, eles são capturados por caçadores quando ainda estão nos ninhos e acabam abastecendo as feiras cearenses de venda ilegal de animais silvestres.
Antes encontrada em diversos locais do Nordeste, a espécie sofreu um declínio populacional e acabou incluída na lista de animais em perigo de extinção. A tendência só se reverteu com o trabalho de ONGs que fazem campanhas de conscientização e ações de reprodução em cativeiro.
Classificações de risco
Há oito classificações usadas para analisar o risco de extinção de um animal. O termo “ameaçado” é adequado para designar apenas três dessas categorias: Criticamente em Perigo, Em Perigo e Vulnerável.
Conheça os níveis de ameaça de espécies animais
Extinto: usada apenas quando não há nenhuma dúvida razoável de que o último indivíduo da espécie já morreu.
Extinto Na Natureza: animal não existe mais na sua área de distribuição original mas ainda pode haver exemplares criados em cativeiro ou em outros habitats.
Criticamente Em Perigo: é a designação mais elevada de risco. Nela estão os animais que enfrentam perigo extremamente elevado de extinção na natureza.
Em Perigo: são animais que, segundo os pesquisadores, enfrentam risco muito alto de extinção e que provavelmente vão desaparecer em um futuro próximo.
Vulnerável: enfrentam risco alto de extinção na natureza a menos que as circunstâncias que ameaçam a sua sobrevivência e reprodução melhorem.
Pouco Preocupante: usada para espécies que são abundantes e amplamente distribuídas.
Não Avaliado ou Não Aplicado: espécies consideradas inelegíveis para avaliação em nível regional.
Dados Insuficientes: faltam dados adequados sobre a distribuição e abundância da espécie.
[ads1] Essa catalogação de risco é utilizada não apenas no Brasil mas em todo o mundo. Ela segue o padrão criado pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) em 1964.
Fonte: G1.