Ceará: Neste ano, 57 prisões foram registradas pelo furto de energia em operações da Enel Distribuição Ceará, com o apoio da Polícia Civil. O número representa quase o triplo do total registrado em 2016, quando foram verificadas 20 prisões. A conduta fraudulenta tem pena prevista de um a oito anos de reclusão.

Em 2017, foram registrados cerca de 183 mil inspeções de furto de energia nos clientes de baixa tensão no Ceará. O número aproxima-se do montante registrado em todo o ano de 2016, quando 196 mil inspeções de furto de energia foram protocolados. A expectativa é que, em 2018, se fiscalize 30% a mais.
A Enel organizou uma série de fiscalizações no intuitos de identificar infratores que fazem furto de energia, nos bairros Aldeota e Meireles, nessa quinta-feira (21). No total, cerca de dez equipes realizaram vistorias em 50 locais, entre comércios e residências. Durante a operação, a dona de um estabelecimento, localizado nas proximidades do prédio da Receita Federal, foi conduzida à delegacia para prestar esclarecimentos.
As equipes técnicas percorreram as ruas Carlos Vasconcelos, Ildefonso Albano, Costa Barros e Pereira Filgueiras. Os peritos especializados eram responsáveis por verificar os medidores e a estrutura de cada local. Quando constatado algum tipo de infração, o responsável do local era informado. Além disso, a equipe registrava no próprio sistema e documentava fotograficamente as irregularidades. Em alguns casos, a energia foi cortada durante determinado período.
As ações fazem parte do plano para recuperação de créditos da Companhia. Além do combate aos furtos, também está sendo combatido a inadimplência, furto de infraestrutura e renegociação de dívidas. Na visão de Francisco Queiroz, gerente de manutenção da Enel, o delito gera impactos negativos para todo o coletivo. “O furto afeta todo mundo. Ele prejudica a qualidade da energia. A pessoa que furta consome mais do que deveria e desperdiça. Ela não tem cuidado com as proteções, causando oscilação de energia no sistema, comprometendo a segurança. O Brasil está em um momento de economizar energia, enquanto o fraudador consome em abundância, porque não tem nenhuma preocupação em fazer o que é certo”.
Queiroz explica que há três tipos de ações do gênero: o furto que acontece diretamente contra a distribuidora – focos da operação -, a ação que prejudica outro cliente ou ainda aquelas em desfavor das prefeituras, por meio da tomada de energia da distribuição pública.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a mulher detida durante a fiscalização foi conduzida ao 2º Distrito Policial (DP), sob a suspeita de envolvimento com o furto de energia elétrica. A Pasta acrescenta que “a mulher foi autuada em flagrante e liberada em seguida mediante pagamento de fiança”.
Queiroz declarou que a medição do estabelecimento da qual a suspeita é proprietária estaria adulterada e que o advogado presente no local deu o indicativo para a chamada do responsável pela unidade consumidora. O gerente esclarece que diversas prisões realizadas são por ações semelhantes às registradas ontem.
A “Maioria dos casos é por alteração nas medições. É comum que, quem foi autuado anteriormente, tenha contratado profissionais, que possuem conhecimento técnico. Não é comum que o cliente tenha o conhecimento técnico. Muitas vezes ele é envolvido por um criminoso que oferece o serviço e com a garantia que a pessoa não será pegue. Mas, nós pegamos, chegamos lá, temos as inspeções e o sistema de monitoramento de consumo em tempo real”.
Atrapalha
Entretanto, a ação não foi bem avaliada por alguns moradores. Segundo a comerciante Cristiane Rosa, 43, as equipes não comunicaram e atrapalharam as vendas. “Isso gera uma movimentação negativa para a gente. Eles só chegaram, mexem no medidor e não falam nada para nós, além de ficar muitos carros aqui na frente do estabelecimento. Sabemos que é o trabalho deles, mas as coisas acontecem e não sabemos o que é”, reclama.
A cabeleireira Raimunda Sousa, 66, comenta que já enfrentou problemas com a distribuição de energia e que o atendimento por parte da distribuidora foi de baixa qualidade. “Se a conta fica baixa, eles fazem a fiscalização na região. Mas quando dá problema e nós chamamos para a nossa casa, ninguém aparece. Meu neto depende da energia para estudar e, por vezes, nós ficamos sem energia por um bom tempo. Concordo com as fiscalizações, mas que melhore o atendimento”.
Para denunciar casos de furto, a população pode ligar gratuitamente, de qualquer município do Ceará, para a Central de Relacionamento, que atende no número 0800 285 0196
Fonte: Diário do Nordeste