As quadras chuvosas do biênio 2012/ 2013 foram enquadradas entre as dez mais críticas dos últimos 50 anos, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Parte dos efeitos dessa estiagem foi apresentada ontem na sede da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDA), em Fortaleza, pelo titular da pasta, Nelson Martins. Houve elevação de 217% na mortalidade do rebanho bovino entre janeiro e maio de 2013 e igual período do ano imediatamente anterior.
O dado, contudo, segundo o secretário, está dentro da normalidade, se for considerado o quadro adverso para os criadores em virtude dos baixos índices pluviométricos constatados nos dois últimos anos no Estado.
De acordo com o levantamento dos técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri-CE), foram 79.929 cabeças de gado mortas neste período mais recente contra 25.205 registrados no intervalo de comparação anterior. Significa quantidade de 54.724 animais. O saldo de um ano para o outro é, inclusive, maior do que todo o gado (51.266) que foi declarado oficialmente morto para o governo estadual entre 2009 e 2012, no Ceará.
“Em números absolutos é um número preocupante. Mas se pegarmos o total do rebanho no Estado, esse percentual de mortalidade é de apenas 3%. O que é considerado dentro dos padrões aceitáveis”, disse Nelson Martins n a coletiva que também contou com a presença de membros do Comitê Estadual de Desenvolvimento Rural e Sustentável.
Segundo o secretário, os dados oficiais sobre a mortalidade do rebanho bovino divulgados ontem servem para desmistificar o exagero de alguns números de mortes de gado informados no últimos meses.
Crescimento
Apesar do índice estar compreendido entre 2% e 5% do total de cabeças no Estado aceitáveis para os técnicos da Adagri, o percentual também cresceu nos últimos cinco anos chegando ao mais alto patamar desde 2009 (primeiro ano considerado pelo estudo apresentado pela SDA).
Conforme o levantamento, há cinco anos, o índice de mortalidade gado no Ceará foi de 0,02%. Em 2010, alterou para 0,33%. No ano seguinte, atingiu 0,67%. Em 2012, aumentou levemente para 0,90%. E, neste ano, pela primeira vez, no histórico do estudo exposto ontem na SDA, ultrapassou um ponto percentual de mortalidade, com o índice de 3,05%.
Nelson Martins defendeu que os números da mortalidade poderiam ser bem mais elevados caso não houvesse um trabalho conjunto de combate aos reflexos nocivos da estiagem na agropecuária local.
“Os números mostram que estamos sabendo conviver com a seca. Mas isso não quer dizer, porém, que o governo estadual deva se acomodar com essa situação. Pelo contrário”, alertou o secretário, ressaltando anúncio do Plano Safra específico para o semiárido que será feito no próximo dia 21 de junho, pela presidente Dilma Rousseff.
Nelson Martins antecipou que a pauta central da reunião com a presidente será o trabalho de prevenção para amenizar os efeitos das futuras secas. “A produção de forragem é um dos pontos principais que serão abordados nesse Plano Safra”˜, afirmou, destacando número maior de kits de irrigação e disponibilidade de crédito para investimento e compra do alimento par ao rebanho. “O crédito já está garantido com BNB e BB para produzir e para comprar a forragem. Além disso, estamos inaugurando perímetros irrigados. Estamos negociando uma área de 600 hectares na Chapada do Apodi com o Dnocs. para produzir e fazer silagem”, adiantou.
Aftosa controlada
O secretário também informou que, em breve, o Ceará será considerado zona livre da febre aftosa devido os bons resultados de cobertura de vacinação. “Poderá ainda ser neste ano. Batemos o recorde em 2013”, contou.
Em maio deste ano, 93,5% do rebanho bovino do Ceará foi vacinado. Isso representa 2,446 milhões de animais. “Graças a Deus, os criadores entenderam a importância da vacinação. A imprensa também ajudou bastante na divulgação da campanha”.
Os agricultores que não protegeram o seu rebanho terão que pagar R$ 15 de multa por cada cabeça que deixaram de vacinar.
Diário do Nordeste