O susto foi imenso. O carro até que “escapou” de ser roubado, mas a placa do veículo da coordenadora de projetos Marta Silêda Rebouças foi furtada, arrancada. Já imaginou um outro automóvel com mesma numeração circulando por aí, cometendo infrações, acumulando multas e sendo até instrumento para ação de roubos e diversas outras atividades criminosas? Pois essa moda está ganhando força tanto em Fortaleza como no Interior.
Os casos só crescem: a Comissão de Investigação de Clonagem de Veículos do Departamento Nacional de Trânsito do Ceará (Detran-CE) já examinou 100 processos em que proprietários de veículos solicitam a mudança de placas por suspeita de clonagem. Desses em investigação, 37 foram deferidos (favoráveis) e até trocaram sua numeração.
Há uma semana, Marta não dorme direito, vive tensa, preocupada com o que pode estar acontecendo com o veículo “dublê” que hoje circula com a sua antiga placa.
“Estou muito apavorada. E já me disseram, lá no Detran, que os furtos de placas estão sendo cada vez mais comuns, virou uma rotina na Cidade”, afirma.
A coordenadora de projetos foi até o órgão responsável, fez reclamações, lavrou Boletim de Ocorrência (BO), mas não conseguiu ainda trocar os números e letras do registro do seu carro.
“Fico só imaginando o que essa pessoa deve estar aprontado com a minha placa circulando por aí. Deve estar cometendo crimes, roubando, fazendo um monte de coisas erradas, sujando o meu nome”, afirma Marta Silêda. Outra queixa foram os altos gastos para fazer um novo modelo: “paguei quase R$ 200 por uma nova. Absurdo”.
Outra denúncia da Marta é a desassistência no Detran. De acordo com ela, a impressão é que o órgão parece minimizar o fato. “A única alternativa de proteção que me deram foi fazer um BO e esperar que as multas comecem a chegar. Daí, quando os problemas crescerem, eu devo procurar a Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) e daí recorrer. Mas, essa é a única saída para mim?”.
Alerta
Para o diretor do Departamento de Policia Especializada, delegado Jairo Pequeno, infelizmente, furtar placas tem virado moda no Ceará, mais uma das “armadilhas” para “esquentar” (dar uma documentação falsa) o carro.
“A placa furtada é para clonar, fazer alguma coisa errada. Os malandros tiram de moto, de outros veículos também. Tudo isso para evitar serem identificados. Geralmente ´esquentam´ os automóveis para irem praticar crimes. Sobra, então, para o cidadão de bem”, afirma.
Prática mais comum ainda é a clonagem (cópia) nas próprias fábricas que produzem o suporte. “O cidadão vai entregar seus documentos todos, manda fazer uma placa e os funcionários veem e, clandestinamente, copiam aquela placa antes mesmo de entregarem ao dono. Grande perigo”, relata Jairo Pequeno.
O proprietário do carro deve também evitar ao máximo se locomover com o veículo, pois pode ser parado em blitz policial e confundido com criminoso. “Por isso, recomendo, sempre, que o proprietário nunca saia com o veículo sem cópia do Boletim de Ocorrência que informa a existência de carro dublê”, diz.
Notificações
Para Ribamar Bacelar, coordenador de equipe de fiscalização do Detran-CE, os motorista hoje devem ficar mais atentos às notificações e multas que chegam em seus nomes. Podem ser falsas e os proprietários vítimas de clonagem ou armadilhas.
“O primeiro sinal é quando chegam multas que são desconhecidas. A pessoa deve logo procurar o próprio Detran ou a polícia para que seja feita a investigação se realmente há um dublê”.
Diário do Nordeste
