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Bolsonaro não é o único, no Brasil, presidente sem experiência em cargos executivos é regra, não exceção

Apesar de 30 anos de vida pública, Bolsonaro foi eleito com discurso contra o sistema político. No entanto, ele não é o primeiro sem experiência em cargos executivos a assumir o cargo mais alto da República – pelo contrário. Confira

| Google Imagens

Ele não era exatamente um “outsider” como se acostumou a chamar, mas com a desistência de nomes como o de Luciano Huck e de Joaquim Barbosa, Jair Bolsonaro (PSL) capturou muito bem o discurso antissistema e foi eleito o 38º presidente da República. Apesar de ser deputado federal há quase 30 anos, Bolsonaro, no entanto, nunca ocupou um cargo executivo antes e beneficiou-se desse fato para fazer seu discurso “colar”. Eleger um presidente sem experiênciaanterior no executivo, porém, é mais uma regra do que uma exceção no Brasil.

Desde a redemocratização com o fim da ditadura militar em 1985, o Brasil já elegeu quatro presidentes pelo voto direto e entre vices e cabeças-de-chapa, ao todo seis representantes já sentaram na cadeira do cargo mais alto do executivo nacional. Destes, apenas dois já tinham ocupado cargos executivos antes, os últimos quatro, por sua vez, foram eleitos presidente sem experiência prévia nem como prefeito tampouco como governador de seus respectivos estados.

É o caso de Fernando Henrique Cardoso, Luis Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e, mais recentemente, Michel Temer. Assim como Bolsonaro, cada um deles usou de alguma forma o seu histórico para chegar ao cargo de presidente. Apesar da inexperiência, uns representavam a manutenção de uma certa ordem já estabelecida, enquanto outros traziam uma ruptura maior com o chamado establishment. Nesse ponto, no entanto, nenhum deles se aproximou dopresidente eleito Jair Bolsonaro .

Bolsonaro não é o primeiro presidente sem experiência prévia no executivo

Logo de partida, o primeiro presidente eleito pelo voto direto depois de promulgada a Constituição de 1988 deixou a impressão de que a experiência em cargos executivos anteriores não contava tanto. Fernando Collor de Mello já tinha sido eleito prefeito de Maceió em 1979 e governador de Alagoas em 1987.

Este foi justamente o cargo que deixou em 1989 para concorrer à Presidência. Collor venceu a disputa com um discurso forte contra a corrupção e foi consagrado como “caçador de marajás”, mas renunciou apenas dois anos depois, horas antes de sofrer o impeachment e perder os direitos políticos acusado justamente de corrupção.

Na sequência em fotos quando eram presidente; Luiz Inácio Lula da Silva, Itamar Franco e Fernando Henrique | Arte: OKariri.com

No seu lugar, assumiu o vice-presidente Itamar Franco que, por sua vez, também já tinha sido prefeito, no caso, de Juiz de Fora (MG) por duas vezes, entre 1967 e 1971 e entre 1973 e 1974.

Com um governo de coalizão, Itamar Franco costurou um governo pluripartidário e convocou o economista Fernando Henrique Cardoso para ministro da Fazenda. FHC, por sua vez, foi o responsável pela formulação do Plano Real que entrou em vigor em 1994, meses antes da eleição que elegeu o ex-senador por São Paulo, o 34º presidente da República.

[ads1] Fernando Henrique nunca tinha ocupado um cargo executivo antes, mas tinha tentando. E chegou perto. Após se envolver numa polêmica no último debate antes da eleição para prefeito de São Paulo em 1985 que levantou suspeitas de que seria ateu, FHC foi derrotado por Jânio Quadros por uma diferença de 3,37% dos votos válidos, pouco mais de 141 mil votos.

Eleito presidente, porém, Fernando Henrique conseguiu a reeleição e só foi sucedido por Luis Inácio Lula da Silva. Lula, por sua vez, já vinha de várias tentativas de eleição frustradas: em 1982 foi candidato a derrotado a governador de São Paulo, e depois acabou sendo derrotado por Collor, em 1989, e duas vezes pelo próprio FHC em 1994 e 1998, até finalmente ser eleito presidente da República em 2002.

Lula, portanto, era um importante líder sindical e firmou-se como principal força de oposição durante os mandatos de seus antecessores, mas nunca tinha ocupado um cargo executivo antes, fato que pode ter contribuído para que escolhesse a sua ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para sua sucessão.

Mas se Lula já tinha sido eleito deputado federal em 1986, Dilma nem isso. Ela foi secretária municipal da Fazenda de Porto Alegre, secretária estadual de Minas, Energia e Comunicações do Rio Grande do Sul, antes de ser escolhida para ministra de Minas e Energia e ministra da Casa Civil, quando ficou conhecida como “mãe do PAC”, o Programa de Aceleração do Crescimento, e foi apresentada por Lula na campanha presidencial em 2010 como “gerentona”.

No governo, porém, Dilma não desfrutou da mesma popularidade de seu antecessor, mas conseguiu a reeleição, por pouco, contra o tucano Aécio Neves, já no segundo turno das eleições de 2014. O derrotado, porém, pediu recontagem dos votos, cassação da chapa por abuso financeiro e acabou liderando o movimento que culminou no impeachment da ex-presidente que rompeu e foi sucedidada pelo vice Michel Temer.

A exemplo de Bolsonaro, por sua vez, Temer tinha em seu currículo uma longa carreira política, mas sempre em cargos legislativos. Ele foi eleito deputado federal por São Paulo, primeiro, em 1987 e ficou até 1991, e novamente em 1994, sendo reeleito sucessivamente até deixar o cargo em 2010 para se tornar vice-presidente de Dilma, ainda no seu primeiro mandato.

Eleito vice-presidente com os votos petistas, Michel Temer mudou de posição já no começo do segundo mandato de Dilma e, apoiado por lideranças da oposição e de seu próprio partido, como ex-deputado Eduardo Cunha, ele se tornou o 37º presidente da República. Novamente, sem ter ocupado nenhum cargo executivo antes.

A partir de 1º de janeiro, Temer passará a faixa para o presidente eleito Jair Bolsonaro que conquistou mais de 57 milhões de votos em sua primeira candidatura a cargo executivo.

Eleito presidente sem experiência prévia, Bolsonaro foi bastante comparado a Collor durante a campanha por fazer um discurso forte contra a corrupção, ter polarizado a disputa contra o PT, do mesmo Lula que já disputava a eleição em 1989, e ser integrante de um partido pequeno e, até então, inexpressivo. No histórico, porém, ele tem mais em comum com a trajetória de Temer, Dilma, Lula e FHC. No governo, resta saber com quem Bolsonaro se equiparará.

Fonte: IG. 

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